top of page

A VIRTUDE DE DECIDIR SOB PRESSÃO

INTRODUÇÃO

A natureza das operações militares exige que os soldados estejam preparados para enfrentar uma variedade de situações desafiadoras e complexas. Desde a escolha da melhor abordagem tática durante o combate até a decisão de como alocar recursos limitados em uma missão, os soldados se deparam constantemente com a necessidade de tomar decisões rápidas e precisas.

Mas o que significa o verbo decidir, segundo a Oxford Languages, que é a maior editora mundial de dicionários, com uma experiência superior a 150 anos na concepção e realização de dicionários de referência em mais de 50 línguas, decidir é:

“Emitir (alguém com autoridade ou poder para julgar) juízo final sobre (questão, causa etc.). Tomar resolução ou resoluções sobre; deliberar, resolver.”


A FISIOLOGIA DO MEDO

Em situações de confronto armado, o corpo humano passa por um processo fisiológico intenso e adaptativo como resposta ao perigo extremo. Essa resposta fisiológica é conhecida como resposta ao estresse ou resposta de luta ou fuga¹.

Quando o cérebro é exposto a uma situação de perigo extremo, ele desencadeia uma série de reações para preparar o corpo para uma ação imediata. A amígdala, a parte do cérebro envolvida no processamento das emoções, reconhece uma ameaça e ativa o sistema nervoso simpático. O sistema nervoso simpático então libera hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, na corrente sanguínea. Uma das principais respostas fisiológicas é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Isso é para garantir que o sangue seja bombeado mais rapidamente para os músculos, fornecendo-lhes oxigênio e nutrientes para uma resposta eficiente. Os sentidos também são intensificados nesta situação. A pupila se dilata para permitir a entrada de mais luz, melhorando a visão. A audição torna-se mais sensível, o que permite uma percepção mais nítida dos sons circundantes. Ao mesmo tempo, outras funções não essenciais são temporariamente suprimidas para resposta imediata ao perigo.

Em suma, em situações de confronto armado, o corpo humano sofre uma resposta regulatória adaptativa que desencadeia uma série de respostas para preparar o organismo para o perigo extremo. E é nesse contexto de estresse, pressão e risco que precisamos tomar decisões assertivas que vão garantir ou não a segurança da sua equipe no cumprimento da missão.


A IMPORTANCIA DE DECIDIR EM COMBATENTE

A tomada de decisão é uma habilidade essencial do cotidiano dos militares em todas as áreas de atuação, desde o campo de batalha até a gestão estratégica. Em um ambiente onde o estresse, a pressão e o risco são constantes, a tomada de decisão eficaz pode significar a diferença entre o sucesso e a morte em operações militares.

A importância da tomada de decisões no contexto militar é intensificada pelo fato de que os militares frequentemente operam em ambientes de alto estresse e condições adversas. Em situações de combate, por exemplo, os soldados precisam analisar informações rapidamente, avaliar riscos, considerar múltiplas variáveis e agir com tolerância sob intensa pressão. A capacidade de tomar decisões eficazes em tais circunstâncias críticas é essencial para operações seguras e bem-sucedidas.


LIDERAR É DECIDIR

Existe um grande numero de estilos de liderança que se sobrepõem a medida que são propostos por autores diversos. Em sua maioria, estudos e pesquisas são utilizados como base para estabelecê-los, outros são apenas com base empírica e intuitiva. Um dos que mais gosto é o que estrutura a liderança em 3 “Graus de Centralização de Poder”. Mas que “poder” seria esse? O poder de decidir!

Assim, quando falamos em decisão, os estilos de liderança se dividem em Liderança Autocrática ou Centralizadora, onde o poder de decidir é exclusivamente estabelecido na figura do líder visando decisões rápidas, a Liderança Democrática, que dissipa dentro do grupo o processo decisório buscando a participação dos membros, e a Liderança Delegativa, onde a decisão é repassada a outro que tem maior capacidade técnica para decidir.


PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

A tomada de decisão é um processo que envolve a seleção de uma opção ou curso de ação entre várias alternativas disponíveis. Ela desempenha um papel fundamental em todas as áreas de atuação, desde o planejamento estratégico até a gestão operacional diária.

Em resumo, a tomada de decisão é um processo contínuo e iterativo, que requer habilidades de análise, pensamento crítico, criatividade e bom julgamento. Atributos estes que podem ser adquiridos.

Podemos citar o âmbito da Doutrina de Administração, onde decidir consiste em: "escolher uma linha de ação que possibilite o resultado esperado". Tomar uma decisão significa, portanto, selecionar a variável que aperfeiçoa o resultado esperado. A maior variável durante o processo de decidir é a incerteza, que não pode ser eliminada, mas estabelece sobre a tomada de decisão, uma meta de minimizá-la ao máximo.


FERRAMENTAS DE TOMADA DE DECISÃO

Em se tratando da forma, podemos elencar dois modelos de decisão, a programável e a não-programável. Em suma, a diferença entre elas está, basicamente, relacionada ao uso ou não de métodos e técnicas já estabelecidas, onde as decisões não-programáveis são tomadas pelo improviso e tem como resultado o consumo excessivo do recurso do tempo e são pouco recomendas em combate.

Diante disso, iremos nos ater as Decisões Programáveis e elencaremos algumas ferramentas projetadas para preparar o indivíduo a tomar decisões eficazes em situações estressantes e com a pressão do tempo. As três primeiras são utilizadas quando o recurso do tempo é extremamente escasso, e as duas ultimas

CICLO OODA: acrônimo para Observar, Orientar-se, Decidir e Agir, que foi o resultado de uma vida de análises de um Piloto da Força Aérea Norte Americana chamado John Boyd. “Quem Observa primeiro, consegue se Orientar antecipadamente e tem vantagem no tempo de Decisão para Agir.”





TDODAR: Popular na indústria da aviação, usado por pilotos para resolver problemas durante o vôo. Trata-se de um Fluxo Circular que passa por TEMPO (Time), DIAGNÓSTICO (Diagnosis), OPÇÕES (Options), DECIDA (Decide), AGIR (Act) e REVISÃO (Review).


RPD: Criado por Psicólogos de Pesquisa (Gary, Roberta e Anne) em 1980, O Processo de Decisão Iniciada por Reconhecimento (Recognition-Pride Decision) baseado no estudo de profissionais de diversas áreas como bombeiros, paramédicos e técnicos nucleares.

8D PROBLEM-SOLVING PROCESS: Também conhecido como Global 8D, a Solução Global de Problemas 8D foi criada em 1987 pela Ford Motor Company e lançada em seu manual TOPS (Team Oriented Problem Solving).





SIMPLEX PROCESS: Criado pelo especialista em gerenciamento e criatividade Min Basadur em1995 e baseado no conceito do Simplexity Thinking (Pensamento Simples), ele possui 8 etapas divididas em 3 estágios.



CONCLUSÃO

A virtude de decidir é uma habilidade poderosa que nos capacita a moldar nosso destino e alcançar nossos objetivos. Ao tomar decisões conscientes e controladas, assumimos o controle de nossas vidas, orientando-as na direção desejada. A capacidade de decidir requer coragem, confiança e clareza de propósito. Cada decisão que tomamos implica em uma escolha entre diferentes caminhos possíveis, e é por meio das escolhas que crescemos, aprendemos e nos desenvolvemos como indivíduos.


Por Andrewson Marcos Pereira da Silva

Palestrante e Coach de Liderança

Especialista em Liderança, Gestão de Equipes e Produtividade


BIBLIOGRAFIA

1. SAPOLSKY, Robert M. "Por que as zebras não têm úlceras: o guia aclamado para estresse, doenças relacionadas ao estresse e enfrentamento". 2004. Third Edition.

2. SELYE, Hans. " The Physiology and Pathology of Exposure to Stress. A treatise based on the concepts of General-Adaptation-Syndrome and the Diseases of Adaptation". Montreal, 1950, Acta, Inc.

4. CHIAVENATO, Idalberto. “Administração de novos tempos”. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

54 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Σχόλια


bottom of page